Por Arimatéia Azevedo
Quem tem se dado ao trabalho de ler sobre as últimas greves de caminhoneiros no Brasil, deflagradas quase como efemérides desde o governo Sarney, poderá perceber que no final desses movimentos sempre quem ganha o maior naco são as grandes empresas transportadores – corporações gigantescas organizadas como guildas sindicais. Foi assim nos governos de Fernando Henrique, de Lula e da Dilma. Não vai ser diferente agora no cambaleante governo de Michel Temer, que teve o agravante de subestimar o estrago que a paralisação do transporte rodoviário de carga pode acarretar ao país. Como de outras ocasiões, a greve de motoristas é uma ilusão, por tratar-se de um locaute travestido em paralisação de trabalhadores – que incautos em todo o país vêm apoiando com fervor religioso. Ora, prestem atenção na pauta de reivindicações, que, como em outros governos, era similar: desoneração fiscal, redução do preço de combustíveis, fixação de um valor mínimo para fretes. Nenhuma palavra sobre o horário abusivo a que são submetidos os motoristas para cumprir horários e metas; zero sobre medidas de segurança numa atividade altamente vulnerável e outras reivindicações próprias de quem ocupa o lado mais fraco da relação de trabalho. Que raios de “greve” é essa? Não se trata de greve, mas de um movimento de empresários acostumados a esfolar a Viúva para manter seus privilégios ou um mercado cativo. Temos uma greve que não é greve e que está ferrando o país. E seguem milhões de pessoas, tolas e enganadas, achando que tudo isso é algo para ser aplaudido. Coitados. Não se deram conta de que nessa tuba tem gato.
Fonte: Portal AZ
Edição: Mário Pires Santana
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